sexta-feira, 4 de junho de 2010

MOMENTO CLARICE










Às vezes eu tenho breves espasmos de lucidez. É quando eu penso que penso demais e que isso atrapalha. Daí fica até fácil ser feliz. Porque pensar impede de sentir. Mas estes são só breves instantes preenchidos com 'nada'. Será que 'nada' é a resposta pra tudo? Será que esse é o caminho dos yogis? Então meditar é mesmo pensar em 'nada'. Clarice ajuda a entender:

"Não se preocupe em entender, viver ultrapassa qualquer entendimento." (Clarice Lispector)

3 comentários:

  1. Hmm... Inspirador. Tenho alguns comentários.

    Como você sabe, Fernando Pessoa tem sido uma grande fonte de inspiração pra mim. Não necessariamente seus poemas, ou os poemas dos heterônimos, mas a heteronimicidade. Ele criou seu primeiro heterônimo aos sete anos de idade e, quando morreu, tinha dado vida e poesia a mais de setenta. Ele literalmente viveu através de sua imaginação, pensando e sentindo tudo ao mesmo tempo. De fato, em algum momento ele tentou entender/explicar sua própria personalidade – ele escreveu uma carta a 2 psiquiatras franceses, mas mudou de opinião no meio da carta e deu seu próprio diagnóstico(!) - “histero-neurastênico, mas felizmente minha neuropsicose é bastante fraca”. Rs...
    Pessoa passou uma borracha na própria existência. Dele só existe o traço. Não é possível acha-lo nem em seus poemas, pois ali se acha de tudo e portanto não se acha nada. Ele não tinha princípios, como ele mesmo dizia. Ele mentia e mudava de opinião. Ele se permitia a incoerência que lhe era natural, e eu acho isso lindo! Acho que a língua portuguesa teria perdido muitos poetas se Fernando Pessoa tivesse feito terapia. O curioso é que ainda hoje, tem gente que publica livro sobre o ‘Caso Clínico de Fernando Pessoa’.

    Estou falando isso pq vai de encontro com a forma que eu interpreto o ‘entender’ a que Clarisse Lispector se refere. Na minha opinião, pensar não é necessariamente tentar entender. Entender, é dar coerência e ordem ao que não tem nem um nem outro. E isso acontece pq a gente acha que os outros precisam nos entender, e portanto, ficamos carregando o fardo da responsabilidade de nos explicar (pq vc fez assim e não assado, pq vc pensa/é/sente dessa forma, pq vc gosta de um e não de outro). Fernando Pessoa se permitiu ser, sem que sua forma de ‘ser’ fosse compreendida. Acho que, isso sim, seria um privilégio.

    E isso não significa que ser incompreendido é a única coisa que vale. Marisa Monte diz "Você podia entender meu vocabulário, decifrar meus sinais... seria bom". Também acho. É bom(!) quando alguém decifra no teu olhar, gestos ou em qualquer outro tipo de dica que a gente viver a dar, nossas vontades, sentimentos e incoerências que postas em palavras virariam nada mais que tentativas pífias de traduzir o que não tem tradução. E encontrar seres que te ‘sacam’ é outro luxo, raro.

    Por último, se bem me lembro, já te disse que eu acho que essa filosofia budista não é pra mim. Equilíbrio não é pra mim. Pensar-em-nada não é pra mim. Eu quero a mistura, o bloco do prazer, quero apagar partes de quem eu já fui e mudar quem eu serei da forma que eu bem entender. Meditação eu faria só para evitar ataques de gastrite (pq gastrite eu já tenho, rs...ai essa minha ansiedade...).

    Beijos,
    Paula ‘lora’.

    PS: ‘...muitas vezes acontece, mais fatiga o que não se faz, repousar é tê-lo feito.’ (Saramago, ‘O Ano da Morte de Ricardo Reis’, 135).

    PS2: A crase caiu na reforma ortográfica? Não me lembro.

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  2. Ser humano, vc é únicaaaa!
    1. amo pessoas que fazem mestrado na gringa e aprendem a enxergar a resposta na comparação e nas divergências de vários autores (sim, eu tb me amo portanto, sem modéstia).
    2. já que eu não vou deixar nenhum livro, eu prefiro fazer terapia a ser brilhante ;-)
    3. volta logo, porra! I need you here.
    4. vc é um ser que me saca, portanto vc é 'luxo'
    5. a crase não caiu, graças a Deus, pq é uma das poucas normas que eu domino de olho vendado, pô.

    LOV-U

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  3. Clarice dá saudades da Fê, rs...

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