quinta-feira, 21 de julho de 2011

A HISTÓRIA SEM FIM















Ontem foi o Dia do Amigo. Não significa nada enquanto data. Mas o acaso, sempre ele, deu um jeito de criar uma noite inesquecível.

- Oi, quer jantar hoje?
- Queeeero
- Às 20h30 lá em casa

De última hora. Sem programar. Só porque tinha que ser.
Amigas de adolescência. Muitas, muitas histórias mesmo pra contar. Você conhece dos seus amigos antigos alguns traços de personalidade que nunca se revelariam mais tarde. Na época da inocência tem um caráter de espontaneidade nos traços da gente, uma exposição da essência da gente que nunca mais se revela tão nua e cruamente. Cumplicidade, é isso. Acho que o que construímos com amigos dessa fase parte da cumplicidade de se ter ritualizado junto a passagem para a vida adulta. Na vida adulta não há mais brigas feias, não há mais ciúme desavergonhado, não há mais tanta honestidade sobre o que se desgosta no outro nem mais tanta saudade se ficar uns dias sem ver, em contrapartida. É tudo mais 'fake', mais blasé, mais político. Durante a faculdade a orientação é clara: daqui pra frente, cada um por si. Seu concorrente senta do seu lado. E isso muda tudo. Infelizmente (ou simplesmente é como só poderia ser).

O que desencadeou essas lembranças todas numa noite que por acaso era do Dia do Amigo? Um filme de 1984. A História Sem Fim. Minha lembrança cinematográfica mais surreal da infância, inexplicáel, uma mistura de fantasia infantil com ficção científica e com filosofia. Embora eu não tivesse plena consiência disso na infância, claro. Era um grande mistério pra mim como aquilo era possível: a participação em tempo real de um leitor de um livro na trama que ele está lendo. Mas o que importa hoje é dizer que tomar contato com aquela filosofia de novo, ao mesmo tempo em que estávamos numa máquina do tempo, nos levou de verdade de volta à Terra da Fantasia, muito provavelmente impedindo que ela fosse destruída pelo temido Nada. E contribuindo para que nós, adultas, lembrássemos de que não há vida boa sem os sonhos. E como não existem coincidências, acredito que o acaso seja mágico. E que as amizades verdadeiras são absolutamente imunes ao desgosto ou à traição. Porque a história das grandes amizades é uma história que não tem fim.

Foto: Atreyu e Falcor

sexta-feira, 1 de julho de 2011

ADMIRÁVEL MUNDO NOVO
















Esta semana uma grande amiga compartilhou comigo a palestra do mais famoso meurofisiologista brasileiro, candidato a Prêmio Nobel, Miguel Nicolelis. Simplesmente os experimentos do cara comprovam que a nossa mente não tem limites e atua para muito além do corpo mundano. Ele conseguiu fazer com que a simples intenção do cérebro de um primata movimentasse um robô presente do outro lado do mundo e, mais doido ainda, a reação do robô que estava longe acontecia antes mesmo que a reação da perna do próprio macaco a um comando do cérebro dele, derrubando as fronteiras de espaço, força e até de tempo. Nas palavras dele:

"Foi aí que nós começamos a imaginar uma nova visão do cérebro, não como um passivo decodificador de mensagens mandadas pelo ambiente, mas um cérebro que é um simulador, um escultor, modelador da realidade. Algo que constrói ativamente não só a nossa visão do mundo que nos circunda, mas um modelo altamente dinâmico e adaptativo do que é o nosso ser, esse corpo que nós egoisticamente chamamos de ‘nosso’."

Adoro pensar, como ele mesmo apontou, que chegamos ao fim da era do culto ao corpo, esse pedaço de carne tão mundano e limitado. Será que sim? Se o ser humano entender de uma vez por todas o poder que ele tem em sua mente e que isso é a conexão que temos com o mundo chamado 'espiritual' (a solução para os mais céticos, amparada por ciência), aí então posso começar a acreditar que as profecias para 2012 fazem sentido. Um novo mundo está começando e quero estar viva pra vê-lo.

imagem: University of Texas