segunda-feira, 1 de junho de 2009

TIME-SPACE COMPRESSION


Dizem por aí que o mundo está acelerado. Que as coisas estão acontecendo com mais frequência e intensidade (e a culpa parece ser da dobradinha tecnologia-consumo, mas isso não vem ao caso agora). Pode parecer ruim na hora que rola, mas eu tendo a achar que no fim das contas o resultado tem sua razão (positiva) de ser. Por exemplo, se você embarca em alguma parada meio errada você deve descobrir rapidinho que aquilo ali não vai dar certo porque as evidências debruçam, se jogam, se esfregam praticamente no seu nariz. Não assuste, agradeça. Um amor 'errado', por exemplo, logo se revela problema e vc, em vez de ficar 1 mês iludido, fica 1 semana. Se vc tem essa sensação de que a aceleração da velocidade ta aumentando exponencialmente, meu amigo, saiba que não está sozinho. Nas ciências sociais o termo atende pelo nome de time-space compression* e aparece principalmente nas obras sobre globalização e pós-modernidade. É claro que eu to usando o termo aqui de forma bem particular, os acadêmicos achariam tudo isso bullshit. Mas minha preocupação não é científica, é bem "ordinary" mesmo. Por mais esotericamente brega que esse pensamento possa parecer, duvido que coisa assim nunca tenha passado pela sua cabeça. Se vc é de carne, osso e vive no Planeta Terra, vc tá na dança também. Não dá pra pular de fase como no videogame. Não dá pra reclamar pro chefe, pedir ajuda pros universitários e não dá pra usar o pause. Tampouco dá pra pedir pra sair. Tem que encarar o que vem, tem que caprichar na autoconfiança e tem que ver o lado bom do que à primeira vista possa lhe parecer imensa bagunça. Os antropólogos interessados em estudar a memória humana deixaram registrado que ela é por definição a ligação entre passado, presente e futuro (G. Cohen, 1989). Ao mesmo tempo em que ela estoca informação passada, ela também monitora a saída de referências úteis pra se usar no presente e constrói planos futuros. Penso que essa sensação de "aceleração do tempo" pode ser útil pra gente estocar um bando de coisas e usá-las mais e melhor quando da necessidade de fazer os próximos planos. Ou seja, a razão pra tal densidade emocional deve ter ligação coerente com o uso que vc vai fazer disso em um futuro que tem anunciado que vai chegar mais rápido daqui pra frente. Portanto, companheiro, da próxima vez em que vier uma bola quadrada, não perde tempo, não quebra a cabeça tentando aparar as arestas não. Mata no peito e chuta pro gol, quadrada mesmo.

*David Harvey, The condition of postmodernity

3 comentários:

  1. AUU AU AU AUUUUUUU!!!
    quanto otimismo, que decidida... Que mulherão!

    AMO MAIS E MAIS!
    Beijos,
    Paulinha

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  2. Um índio descerá de uma estrela colorida e brilhante/de uma estrela que virá numa velocidade estonteante/e pousará no coração do hemisfério sul, na América, num claro instante. (Caetano)

    Uma baianidade pro seu movimento incessante! Adorei que depois de um post pós-moderno na velocidade da luz o título seguinte foi "parei". Salve o tempo da contemplação, do amor lento, e por que não da absorção de tanta teoria antropológica! Boa prova! Beijo!

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  3. mata no peito e chuta que É gol!!
    vamos que vamos nêsga,
    te amo!
    beijo.

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